quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Vila Esperança

Vila Esperança

Alegas, muita vez, alma querida:
- O tédio me entorpece e me consome a vida!...





Vila Esperança

Alegas, muita vez, alma querida:
- O tédio me entorpece e me consome a vida!...

Um erro na poltrona te desgosta,
Apaga-te o sorriso e deixa-te indisposta...

O marido, preso, por natureza,
Era um médico amigo da pobreza.

Houvesse algum enfermo em pequena palhoça...
Ei-lo, junto ao doente em plena roça...

Ele sofre e adoece, certo dia,
E roga à esposa, amparo e companhia.

Ela atende ao insólito pedido,
Enquanto ele se mostra surpreendido.

De um carro velho e forte, sem tardança,
Descem os dois ao chão, ante a Vila Esperança.

Ali, toda morada, é formada de zinco,
Alinhando-se em grupo, cinco a cinco.

Disse o esposo a ela:
- “Hoje, o trabalho aqui é teu recado...
os doentes são teus...Ando muito cansado...”.

Do casebre primeiro saem gemidos dos loucos...
Eis que o esposo explica:
- "É a Dona Flora, exaurindo-se aos poucos...

Não mais resiste a pobre ao câncer que a devora
Mas, para aliviar a angústia que a domina,
Temos na pasta que eu trouxe a injeção de morfina".

Aplicada a injeção, ela vê três crianças
Junto à mulher sofrida, em choro continuado...
Ela fala ao marido, acerca de mudanças,
E acaba perguntando ao esposo intrigado:
-“O que comem aqui estas crianças nuas”
O médico responde: “O pão dado nas ruas”.
Ela aciona o carro e adquire cem pães,
Que distribui na praça, entre os filhos e as mães.

-“Moça, grita uma voz
De uma das casinholas escondidas,
Venha nos ver
Somos pobres doentes desvalidas!...”
A dama entra no quarto
E lavam-lhe as manchas e as feridas...
Anda de casa em casa.
Dá remédio às crianças com bronquite
E socorre aos enfermos,
Vítimas de hepatite...
De sentimento preso
Às dores que detinham no lugar,
Oito horas gastou a lavar e a limpar.

De volta, eis que ela sente
O marido mais forte e mais contente...
Notou que o Cristo Amado estaria mais perto
E admitiu que a vida
Nunca mais lhe seria
Desencanto e deserto...
Adentrou-se no lar, recordando a excursão
Que lhe alterara a mente, o caminho e a visão...

Ajoelhou-se em prece,
Pensando na penúria que encontrara.
Contemplou de uma fímbria da janela
A noite linda e clara...
Imaginou Jesus
Caminhando ao encontro da pobreza
E quase sem querer
Exclamou para os Céus:

- “Obrigada, Jesus, pela Vila Esperança
que me falou do amor que não se cansa...
agora, estou na paz que eu sempre quis.
A qualquer hora posso ser feliz!...
Obrigada, Jesus, por me ensinar
Que a Caridade é Luz e a Luz é trabalhar!..”.

Do livro "Dádivas do Amor" pelo espírito Maria Dolores, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

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